quarta-feira, 6 de julho de 2011

Bya Barros: vivendo ao vivo e a cores.

Basta ela sentar e começar a conversar que você já percebe o tipo de pessoa com que está lidando. Animada, falante, de bem com a vida, com uma energia revigorante e força no que diz. E mesmo com 30 anos de profissão, renova o que faz a cada dia. A arquiteta Bya Barros, sabe muito bem o que quer e aonde vai. Ela consegue levar vários projetos ao mesmo tempo. Engajada, ousada, corajosa - para ela não há tempo ruim e nem limites para criar. Bya Barros conversou com a jornalista Caroline Scharlau, no Octavio Café da Rua Faria Lima, em São Paulo, em um almoço animado e cheio de ideias.


O gosto artístico apurado veio do convívio familiar, desde pequena respira arte, cultura, design. “Essa veia artística vem da família que é ligada as artes, minha mãe dava aulas de desenho pedagógico e fundou a faculdade de artes plásticas da PUC de Campinas onde trabalhou dez anos. Meu pai fez o projeto de engenharia da primeira unidade móvel que hoje tem em todo o Brasil, o ônibus escola. A minha única irmã é doutora em Artes pela USP, trabalhou na PUC de Campinas por 30 anos e hoje faz parte do projeto de pesquisa de moda da USP. Eu cursei a faculdade de Arquitetura e Urbanismo e também de Artes Plásticas da PUC Campinas. Nasci em uma família de artistas de sangue. É DNA.”



Bya Barros respirou design desde cedo. O seu interesse fez com que ela seguisse o caminho da arquitetura e decoração, porém, ela enxerga o mundo do design em esferas bem maiores. “Hoje móvel e decoração andam juntos e os dois englobam a arte como um todo. E é divertido isso, eu tenho uma loja de roupas dentro do Hotel Casagrande, no Guarujá, estilo Saint Tropez. E é engraçado que fui fazer isso para me divertir e o negócio decolou, tenho essa loja há 6 anos, e agora o meu novo projeto é loja de móveis Bya Barros Express, que fica na Alameda Itú, em São Paulo. É um sonho de 30 anos que agora estou realizando. É uma loja de cinco andares, uma pronta entrega de bom gosto e decoração.”


Com mil projetos na cabeça, Bya Barros não pára. Embora hoje esteja focada nos detalhes da loja, seus projetos de decoração continuam caminhando. Paralelamente, ela ainda arruma tempo para compor cenários de televisão, desenhar uma coleção de móveis, fazer aulas de dança e participar dos diversos programas sociais que é convidada, pois é uma das arquitetas mais badaladas de São Paulo.


“Plugada”, como ela mesma diz ser, Bya acompanha o movimento do design pelo mundo e não se conforma com a falta de criatividade que encontra em mostras e eventos que participa. Questionada sobre o desenvolvimento da indústria moveleira nacional, Bya é taxativa e logo dá a dica: “Não. A indústria moveleira precisa ser mais ousada, está tudo muito igual. Você não sabe quem é quem. Os arquitetos e decoradores em todos os eventos que você participa são idênticos. Você entra em uma mostra e você não lembra quem fez o que.” adverte a arquiteta.


Contrária a conceitos de tendências, Bya Barros acredita que apostar na individualidade e no aconchego é o que existe de mais atual. “Você tem que entrar em casa e ela ser aconchegante. Muitas pessoas compram uma casa e não querem estar dentro dela e assim até os relacionamentos ficam abalados porque a decoração é tão sem graça que as pessoas não tem vontade de chegar em casa. A tendência é ser feliz. Mas o que é tendência realmente hoje é a personalização. Antigamente, nossos pais quando podiam contratavam arquitetos e se desenhava a mesa de centro, por exemplo, as pessoas tinham os lavabos de suas casam com desenho exclusivo, etc. E isso as pessoas pararam de fazer. Nós temos que nos preservar quanto a individualidade e a personalização. A escolha do produto vai ser sempre o diferencial para que a gente possa realmente ter uma casa única.”


Seguindo a idéia de que a criatividade brasileira pode ir além do que é considerado tendência e do que se apresentam nas feiras internacionais, Bya acredita que apostar na sustentabilidade é uma boa saída. “Sustentabilidade é luxo também. Em 2009, meu ambiente da Casacor fiz um tapete com fios de um tapete antigo e virou um tapete “super luxo”. Fiz um patchwork de camisetas de malha velhas em um Puff e foi um sucesso. Isso não é fazer média, eu acho que tem que ter essa consciência na vida de cada um. O brasileiro ainda está muito longe disso. A sustentabilidade fala muito em economia e as pessoas remetem a coisas feias, não é bem assim.”


Para a arrojada arquiteta, não há limites no processo criativo. Por isso ela se envolve em tantos projetos diferentes. “Modéstia a parte, sou um “banco” de idéias constantemente fervilhando e tenho facilidade de captar o que o cliente deseja. É feeling! E trinta anos de experiência fazem a diferença.Um bom arquiteto tem que ter a sorte de ser chamado por clientes que queiram casas personalizadas e não padrões “casa-loja”. Muitas vezes me contratam e não me deixam trabalhar. (risos).”


Bya Barros de simples não tem nada. No seu trabalho está estampado seu modo se ser e de viver a vida. A cores, bem do jeito que ela gosta. “Tenho alegria de viver, isso é genético, prezo muito por isso e trabalho meu corpo e minha mente. Eu vivo a vida ao vivo e a cores, não sei viver em preto e branco,” finaliza, sorrindo.

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